domingo, 1 de fevereiro de 2015

Por uma política cultural dos espaços


 por Haroldo Gomes
Há cerca de um ano e meio, quando a Prefeitura de Parnamirim, através de sua Fundação de Cultura, chegou ao Beco do Picado, ele estava sendo chamado, por muitas pessoas, de “Beco do Mijo”. Muitos diziam que estávamos perdendo tempo. Começamos com pequenas ações e uma referência: fugir de uma política de “eventos” temporários ou de uma política de valorização de pessoas e lugares mortos para uma política cultural de criação de espaços. Mapeamos alguns na cidade: um deles, o Beco do Picado, por sua referência histórica e cultural.
Com base no historiador francês Michel de Certeau, que diferencia espaço de lugar, considerando que “o espaço é um lugar praticado”. Por exemplo, um beco urbanizado pela Prefeitura é transformado em espaço pelas pessoas que o frequentam, que o praticam. O espaço é vivo. É interessante encontrar as pessoas na sexta-feira e ouvi-las dizer: “e hoje, não tem beco, não”?
A cidade é feita de espaços e a cultura vive da criação destes espaços. Heterotopias, navios em alto mar. Vivos, eles se tornam lugares de encontro. Deixam de ser daquele território fixo (da cidade, do estado...), deixam inclusive de ser um lugar estático para se tornar um espaço imaginário, virtual. Existindo o espaço, flui a produção cultural, que não precisa ser apenas “local”. A noção de “local” reduz o espaço, estrangula a possibilidade dele ser cosmopolita, de dialogar com o mundo.  No formato atual, o Beco do Picado não foi criado para ser uma ilha, mas para ser um ponto de encontro e de acolhida. Por consequência, um espaço que se abre para todos os artistas, de todas as linhas, vertentes e matizes como, também, de todos os lugares. Mas, fundamentalmente, um espaço a ser praticado e reconhecido pelos bons encontros, pela alegria e pela capacidade de nos fazer a todas, pessoas melhores.

4 comentários:

  1. Importante para a fruição artística e cultural, o Instituto Pium de Cultura mantém o Espaço Pirangi de Economia Criativa para esse fim, bem como criar oportunidades de geração de renda para os participantes solidários, mas não é fácil mantê-lo. Contamos com o apoio da Fundação Parnamirim de Cultura, mas é preciso que a Prefeitura avance na implantação do Sistema Municipal de Cultura para o desenvolvimento da economia criativa no município e democratizar os recursos. O convênio, via SEMAS\SUAS de apoio a rede de instituições, que fortalece as políticas públicas da Assistência Social na área de cultura e economia solidária foi cancelado. Precisamos avançar, controlar os gastos públicos, sem prejudicar o que está sendo feito de grande com tão pouco. O que significa R$15.000,00 ao ano, para os cofres de uma Cidade do Porte de Parnamirim, com índice de desenvolvimento humano municipal elogiado, para uma única Instituição de cultura que atua no Litoral e que na alta estação do veraneio, corre o risco de encerrar suas atividades?Pior quando recebe a ameaça de despejo, pelo proprietário do imóvel, só por que tem dois meses de aluguel atrasados. Precisamos encontrar um nomes para Fomento e Apoio à cultura, sem que seja confundida com mantida integralmente pela Governo. Queremos meios para empreender. A Fundação Parnamirim e sua equipe abnegada, tem do Instituto Pium todo o respeito e confiança, na condução das políticas públicas para a cultura. Boa Sorte com o Beco do Picado e parabéns.

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  2. Texto muito interessante, seria ótimo se tivesse autoria.

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    1. Olá, Risinha. A autoria está embaixo da foto, à direita. Ficou pequenininha. O texto é de Haroldo Gomes.

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