por Haroldo Gomes
Desse ponto de vista, é
importante percebê-lo não como um lugar estático onde se produzem eventos
culturais e sociais diversos. O Beco do Picado é uma territorialidade em construção, uma errância,
e se relaciona com o desejo de cada pessoa de encontrar outrem. “Gosto de estar aqui”, “Que
beco é esse?”, “Onde fica esse beco?”. Nele não se busca o picado, mas
relações, papos, sorrisos, ares e olhares. Uma prática de espaço, uma passagem:
o funcionário que sai do trabalho e inclui o Beco como um caminho que se
interpõe até sua casa. Desse ponto de vista, é muito importante compreender que
um outro desenho arquitetônico está se compondo no entorno do antigo Mercado de
Parnamirim, no centro da cidade, pela ação de sujeitos históricos. Observar os
traços desse desenho e consolidar o Beco do Picado enquanto espaço cultural,
recompondo o mapa da cidade a partir das experiências ali vividas, é um desafio
da gestão pública. Feitura de espaço.
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