(texto traduzido do blog Aquí hasta la rosa, baila aquí, por Haroldo Gomes)
Em nossa maneira
de ser, nossa alma goza de três classes de prazeres. Uns os obtém do fundo de
sua própria existência; outros são o resultado de sua união com o corpo; finalmente,
outros estão fundados nas dobras e prejuízos que certas instituições, certos
usos e hábitos lhe produzem.
São esses os
diferentes prazeres de nossa alma que formam os objetos do gosto, como o belo,
o bom, o agradável, o ingênuo, o delicado, o terno, o gracioso, o não sei quê,
o nobre, o grande, o sublime, o majestoso, etc. Por exemplo, quando encontramos
prazer em ver uma coisa que nos é útil, dizemos que é boa; quando encontramos
prazer em vê-la, sem obtenhamos dela uma utilidade presente, chamamo-la bela.
Portanto, as
fontes do belo, do bom, do agradável, etc., estão em nós mesmos; e investigar
essas razões é investigar as causas dos prazeres de nossa alma.
Examinemos,
pois, nossa alma; estudemo-la em seus atos e paixões, investiguemo-la em seus
prazeres; é nisso onde mais se manifesta. A poesia, a pintura, a escultura, a
arquitetura, a música, a dança, as diferentes classes de jogos, as obras da
natureza e da arte podem lhe produzir prazer. Vejamos por que, como e quando o
produzem; demos a razão de nossos sentimentos. Isso poderá contribuir para
formar nosso gosto, o qual não é outra coisa que a vantagem de descobrir com
fineza e com rapidez a medida do prazer que cada coisa deve produzir nas
pessoas.
(Ensaio sobre o gosto, Barão de
Montesquieu)
Parabéns! Belíssimo texto para reflexão da busca do Eu, que tantas vezes afligem o nosso Espírito com as incertezas do dia-a-dia.
ResponderExcluirObrigado, Kátia. Também gostamos muito do texto. Simples e claro. Abraço.
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