quinta-feira, 11 de julho de 2013

REFLEXÃO SOBRE OS PRAZERES QUE NOS PRODUZEM AS OBRAS DO ESPÍRITO E AS PRODUÇÕES DAS BELAS ARTES



 (texto traduzido do blog Aquí hasta la rosa, baila aquí, por Haroldo Gomes)
Em nossa maneira de ser, nossa alma goza de três classes de prazeres. Uns os obtém do fundo de sua própria existência; outros são o resultado de sua união com o corpo; finalmente, outros estão fundados nas dobras e prejuízos que certas instituições, certos usos e hábitos lhe produzem.
São esses os diferentes prazeres de nossa alma que formam os objetos do gosto, como o belo, o bom, o agradável, o ingênuo, o delicado, o terno, o gracioso, o não sei quê, o nobre, o grande, o sublime, o majestoso, etc. Por exemplo, quando encontramos prazer em ver uma coisa que nos é útil, dizemos que é boa; quando encontramos prazer em vê-la, sem obtenhamos dela uma utilidade presente, chamamo-la bela.
Portanto, as fontes do belo, do bom, do agradável, etc., estão em nós mesmos; e investigar essas razões é investigar as causas dos prazeres de nossa alma.
Examinemos, pois, nossa alma; estudemo-la em seus atos e paixões, investiguemo-la em seus prazeres; é nisso onde mais se manifesta. A poesia, a pintura, a escultura, a arquitetura, a música, a dança, as diferentes classes de jogos, as obras da natureza e da arte podem lhe produzir prazer. Vejamos por que, como e quando o produzem; demos a razão de nossos sentimentos. Isso poderá contribuir para formar nosso gosto, o qual não é outra coisa que a vantagem de descobrir com fineza e com rapidez a medida do prazer que cada coisa deve produzir nas pessoas.

(Ensaio sobre o gosto, Barão de Montesquieu)

2 comentários:

  1. Parabéns! Belíssimo texto para reflexão da busca do Eu, que tantas vezes afligem o nosso Espírito com as incertezas do dia-a-dia.

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    1. Obrigado, Kátia. Também gostamos muito do texto. Simples e claro. Abraço.

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